terça-feira, 19 de novembro de 2013

VERDADE NUA E CRUA: NÃO SOU FELIZ

VERDADE NUA E CRUA: NÃO SOU FELIZ

            Você que é feliz, ou finge que é, e procura pela felicidade; você deve ser saber do que estou falando. Minha mudança de São Paulo, capital, para Pereiro – Ceará, não foi das melhores e até agora, mais de quatro meses depois, ainda não me sinto bem. Eu não era feliz antes, ser feliz é sempre relativo, no entanto, eu tinha coisa, pequenas coisas, que me faziam feliz e hoje acho que sinto muito a falta delas. Sinto falta do clima doido da minha cidade natal, das suas ruas, do urbanismo natural dela, aquilo que fazia São Paulo ser o que era pra mim. Não sei ao certo do que sinto falta, eu apenas sinto que não faço parte deste lugar, desta cidade atrasada (sim, em comparação as demais cidades próximas como Jaguaribe, São Miguel e Pau dos Ferros, Pereiro é uma cidade que não progrediu muito).


            Tudo invenção do meu pai – em hipótese nenhuma eu teria escolhido viver aqui. Foi ele quem quis sair correndo de São Paulo para um clima mais quente para ver se as câimbras melhoravam (elas continuam ocorrendo, mas segundo ele, o sofrimento é bem menor). Foi ele que inventou que teríamos uma criação de galináceos e subsistiríamos somente com isso, ao menos, até a aposentadoria dos meus pais saírem; sendo que vimos que isso não é tão simples, com vários deles ficando aleijados e doentes, além do preço da ração deixar o preço de custo da criação nas alturas e fazer de outros meios de alimentação serem necessários. Foi ele quem inventou que precisávamos de cachorros para cuidar do Sítio e que eles precisavam ser criados desde pequenos. Foi ele que queria uma parede na sala pra separar um quarto pra mim que permanece sem reboco. Foi ele quem quis construir um galinheiro e até agora não conseguiu fazer tudo o que queria. Foi ele que meteu na cabeça que deveríamos ter um carro e que eu deveria aprender a dirigir, evitando assim o custo semanal de um “táxi” (eu odeio dirigir). Enfim, eu tenho que ficar arcando com as atitudes do meu pai e ficar calado, sofrendo, sem ele me perguntar uma única vez se eu estou feliz com isso, com tudo isso.

            Não sei você, caro leitor, como leva a vida e o que faz pra ser feliz, eu apenas vejo diante de mim uma vida sem futuro, uma vida dependente da sorte e do que Deus reserva pra mim. Muita coisa eu aprendi aqui, decerto, mas, veja bem, a que custo? Aprender um pouco pra não conseguir fazer mais nada na minha vida? Minha mente tem ficado cada vez mais embaralhada, não consigo ler qualquer coisa sem antes ter um choque, um baque que faça minha cabeça doer. Eu já deveria ter colocado várias leituras em dia com o tempo vago, contudo, não consigo nem pensar nisso! Isto sem contar nos meus nervos, tenho ficado mais nervoso aqui do que já estive nos últimos anos e olhe que antes de vir tive meus momentos de desespero.

            Eu poderia sair, caminhar, conhecer novos lugares... Isso não existe aqui! Não há lugares para ir, e olhe que eu já encarei caminhadas deveras longas em São Paulo! Eu tentei sair para uma caminhada recentemente, buscando um pouco e paz. Não consegui, aliás, permaneço nervoso, irrequieto, mesmo agora, enquanto escrevo este texto. Eu poderia simplesmente parar um pouco e assistir TV... Você realmente sabe o que passa na TV? 99% não presta! Ou é alienação, ou e chato, ou é burrice completa! Eu poderia tentar o rádio... Hahahah! Faz me rir! A sintonia aqui é péssima! Sem contar que a programação dificilmente me agrada.

            Quer saber? Quer mesmo saber? Isso ainda não é o pior de tudo! Mesmo que o cenário fosse outro, que a minha sorte fosse outra, EU sou o problema de tudo! Eu não sou uma pessoa com quem as pessoas queiram conviver, não sou aquela estrela mágica que atrai a multidão, sou um desgraçado infeliz que consegue perder os poucos amigos que tinha, um Zé ninguém que definitivamente não sabe o que é amizade de verdade. Isso realmente existe? Vários já me prometeram mundos e fundos de sua amizade e nem sequer ficaram comovidos ou tiveram um pouco de interesse pelo que estou passando. Sério mesmo que vocês que prometem cumprem alguma coisa? Quero ver acontecer!

            Anteriormente eu imaginava situações maravilhosas em que finalmente tudo o que eu queria fosse acontecer e, ao tentar fazer um livro com isso agora, antes que eu viesse a morrer de desgosto, vejo que meu coração está secando e que meus sonhos de outrora estão sumindo. Eu queria tanta coisa pra mim e tudo o que consigo pensar é que nunca terei nada, nem minha própria felicidade!

            O dinheiro que temos é muito pouco, talvez dure no mínimo seis meses – o custo de vida continua alto, mesmo sem grandes contas de energia, água, telefone pra pagar. Se o dinheiro acabar, não teremos outra opção senão a de pedir dinheiro emprestado pra voltar pra São Paulo. Sinceramente, seria o pior fracasso da minha vida! Será que só porque eu não tenha grande preocupações eu não tenho o direito a receber atenção o demonstrar minha preocupações? Queria muito poder acreditar que tudo um dia vai melhorar, mas não dá, é um vazio, uma angustia dentro de mim que consome o resto de que sobrou das minhas vontades.

            Normalmente, na minha antiga vida, eu poderia pesar até 72 kg que eu não me importaria, eu sabia que eu estava dentro do meu peso comum. Por causa da mudança e da nova vida, emagreci para 65-64 kg. Esperei poder retomar o meu peso ‘normal’ e percebo que os efeitos da falta de felicidade persistem. O que eu faço? Nada! Terei de passar a noite em claro, pois não consegui dormir, tanto por causa da ansiedade, tanto porque eu sou notívago, tenho preferência por ficar acordado a noite. E terei de dirigir até o centro de Pereiro, mesmo odiando fazer isso! Meu pai deixou para fazermos as comprar nesta terça.


            O que mais eu posso fazer? Tem aquela falsa alternativa pra todos os problemas, espero não ter que tomar essa decisão, apesar das dezenas de vezes que ela passa pela minha cabeça. Quanto mais eu penso, menos a minha vida faz sentido...

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