quarta-feira, 13 de novembro de 2013

SONHOS IV

SONHOS IV

Escrito por: Victório Anthony



            Pela manhã, ele comentou na publicação de um amigo escritor e roteirista de quadrinhos nas redes sociais:

            — Bom dia — dizia o amigo.

            — Bom dia! Preciso falar com você, tem um tempinho? Prometo ser breve...

            E a conversa continuou pelo bate-papo:

            — A conversa vai continuar por aqui...

            — Tudo bem? O que você quer?

            — O que acha desses desenhos?

            Algumas imagens foram subidas e visualizadas.

            — Mas isso é? São ótimas ilustrações, você que fez?

            — Não... São para a sua história em quadrinhos.

            — Como assim? Não estou entendendo.

            — Quero lançar os seus roteiros de quadrinhos...

            — Entendi menos ainda.

            — Heheh, eu mandei fazer algumas ilustrações pra saber a sua opinião, se está bom o suficiente para ser publicado.

            — Você mandou? Então está pagando um desenhista pra fazer os quadrinhos?

            — Sim, sim. Quero publicar seus roteiros originais.

            — Que ótimo! Mas, isso não vai sair caro?

            — Possivelmente, mas espero recuperar logo assim que distribuir pelas livrarias, bibliotecas e eventos por todo o Brasil.

            — Brasil? É sério isso?

            — Seriíssimo! Claro, antes de tudo, quero firmar contrato com você. Quero publicar todos os seus trabalhos.

            — Tem certeza disso? Nem todos os trabalhos estão prontos e...

            — Não precisa se preocupar com isso, o que precisar ser modificado, adaptado, atualizado, será. Tudo no seu devido tempo. Aliás, sabe aquela sua websérie?

            — Você quer publicar?

            — Mais que isso... Nossa! Mal posso me conter. Eu ADORO ela e, sabe, uma adaptação animada seria perfeita! O que acha?

            — Isso não seria um exagero?

            — Claro que não! Vai demorar ainda um tempo pra conseguir fazer todas as adaptações, produzir todas as cenas, desenvolver os mapas, os conteúdos, juntar a equipe certa e ainda fazer tudo em tempo recorde, mas a sua obra merece! Expandir uma história além de seus horizontes é o que o Brasil precisa para que mais investimentos sejam feitos na área. Por mais que não dê certo e não seja o momento ideal para seguir com o projeto no mercado atual, eu quero arriscar, quero me comprometer com a literatura fantástica nacional e explorar cada possibilidade. Certo, vai levar um bom tempo pra conseguir finalizar a temporada, no entanto só de conseguir produzir o primeiro capítulo. Nossa! Não me aguento...

            — Poxa, obrigado... Tem certeza de que consegue fazer isso? Tudo isso?

            — Em breve estarei na sua cidade pra firmar contrato! Meu telefone é (11) XXXX-XXXX. Só te peço um pouco de paciência, o escritório tem funcionado a milhão!

            — Sei... Preciso ir, já deu a minha hora.

...

            Em outro dia, novamente pela manhã, ele começou uma nova conversa numa nova publicação de “Bom dia”:

            — Ei?! Bom dia! Escuta isso aqui?! — o comentário foi escrito com um link para um vídeo.

            — Depois eu vejo, tenho pouco tempo...

            — Veja agora! Prometo que não vai tomar muito do seu tempo!

            O comentário ficou sem resposta. Ele partiu pro trabalho e, depois do meio-dia, resolveu entrar nas redes sociais. Antes, porém, verificou o e-mail. Na caixa de entrada ele encontrou milhares de comentários ansiosos para saber mais sobre os roteiros para quadrinhos, procurando saber mais dos livros que ele escrevia e querendo saber se uma série com o nome da história que ele estava escrevendo seria lançada. O escritor se assustou:

            — Mas o quê?!


            Ele não pode verificar tudo, tinha pouco tempo e logo saiu, sem conseguir entrar nas redes sociais com tanto e-mail recebido.

            “O que será que aconteceu?”, perguntou-se ele, “De onde saiu tanta gente?!”

            Após o trabalho, ele foi pra faculdade, se questionando sobre o acontecido:

            “Aquele vídeo... Será que foi ele? Isso pode acontecer?”

            Ele esperou, teve paciência e mais tarde, chegou em casa preocupado:

            “O que diabos está acontecendo?”, disse ele verificando ainda mais e-mails na caixa de entrada.

            Deixou aquilo de lado e foi para as redes sociais: “Não é possível!” Havia muito mais notificações esperando por ele. Confuso e atordoado, ele procurou a publicação da manhã no meio de tanta informação. Finalmente encontrando, clicou no link e se deparou com algo inimaginável:

            “Não acredito... É perfeito! Os detalhes, as cores, os sons... Meu deus!”

            O que ele via na tela do computador era uma animação com uma música que misturava guitarra elétrica, baixo e bateria com violino, uma música forte, enérgica e ao mesmo tempo apaixonante. A animação que ficava de fundo mostrava perfeitamente seus personagens principais, desenhados com um traço detalhado e limpo, um perfeito animê.

            “Não é possível!”

            Ele nunca escutara algo assim antes e ainda era acompanhado de uma animação que seguia como roteiro a sua história! Não havia palavras para descrever a sensação de satisfação, curiosidade e apreensão. Aquilo era o que todo escritor poderia querer, sua obra ganhando novos ares!

            No bate-papo, o amigo que comentou o link apareceu:

            — E aí? Já viu? Já viu? Todo mundo está adorando o vídeo!

            — Eu vi...

            — E aí? Gostou? Heheh, eu não sabia se estava bom o bastante pra encaminhar a história, mas fica como uma introdução. Logo o resto, com a sua supervisão e a minha será encaminhada. Aliás, queria que você me ligasse, preciso saber o seu endereço pra poder encaminhar os documentos, fazer toda a burocracia. Vai dar muita dor de cabeça, um trabalhão desgraçado, mas você vai ver, vai dar tudo certo!

            — Está ótimo...

            — Que bom! Esse será um grande começo! Tenho tantas ideias pra por em prática, tipo aquelas trocas de cena, efeitos especiais, o estúdio ainda tem muito pra melhorar e ampliar, sem contar que precisamos pegar trabalhos extras pra manter o pessoal todo, divulgar nossos trabalhos e tornar o nome do estúdio ainda maior! Ah! Não posso esquecer do pessoa da banda! O trabalho deles foi ótimo, pacientes com o que eu queria, uma música que pudesse ser moderna e evocar aquela sensação de natureza primitiva tomada por uma neblina densa e mística. Aiai... Adoro tudo isso!

            — Obrigado... Depois eu te ligo...

            E ficou off-line. O amigo achou estranho, mesmo assim continuou a conversa:

            — Mas já? Eu precisava te falar da música de encerramento, aquela pro final do episódio, mais calma e doce. Bem, em todo o caso, segue o link do segundo vídeo!

            O amigo não sabia, mas o escritor e roteirista de quadrinhos continuava ali, apenas com o bate-papo desativado, observando o que foi escrito. Ele clicou no link e foi ouvir a música. O sentimento que o preenchia era intenso, transbordava de dentro pra fora. Teve de limpar o rosto, a face não poderia ficar molhado daquele jeito...


...

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